domingo, 21 de agosto de 2011

O JORNAL PÚBLICO E UMA COLECÇÃO DE «NÃO-NOBEL»

Num duplo testemunho de cultura e bom gosto, o jornal Público tem vindo a publicar, todas as quintas-feiras, uma série de obras cujos autores não foram premiados senão pelo tempo. Como nos é lembrado, não só se trata de fazer justiça a um punhado de escritores maiores com os quais, por uma razão ou por outra, o Nobel se não quis comprometer, como de «voltar a dar aos leitores obras que há muito desapareceram das livrarias para dar espaço à proliferante produção contemporânea, nem sempre mais interessante do que aquela que a antecedeu».

Espanta-me que um jornal se atreva a uma tão meritória aventura. Porque é um risco. Hardy, Machado de Assis, Kazantzakis, Joyce, Remarque ou Chandler vieram, entre muitos outros, sendo paulatinamente editados. Pelos vistos, com tão pouca adesão dos leitores, que em alguns quiosques já nem encomendam os livros. O «público», não o jornal mas o conjunto de consumidores, é assim mesmo. Infelizmente: pouco atento, sem interesse; qual será o interesse (perguntar-se-ão muitos) de editar uma colecção de «não-Nobel», ao invés de uma de «Nobel»? Uma série de impremiados em vez de premiados? O cidadão comum não ia ser mais perspicaz que a Academia...

Sem comentários: