sábado, 17 de julho de 2010

PROUST & JOYCE

Segundo De Bottom, Proust e Joyce ter-se-ão encontrado, um dia, ou uma noite, numa das mais improváveis reuniões entre dois génios.
Consta que que mal falaram. A não ser, já não me lembro bem, para um pedir um lenço emprestado a outro. Qualquer coisa assim.

A originalidade e o génio de Proust são subtis. Tanto mais enormes quanto menos se dá por eles - a não ser no fim da leitura, quando, um pouco surpreendidos, sentimos que o nosso universo se transformou completamente e que não há nenhuma outra obra que se possa comparar à sua monumental busca.

Pelo contrário, a originalidade e o génio de Joyce são visíveis. Não diria "forçados", mas, muitas vezes, demasiado visíveis. Há como que uma orquestra de trombetas a anunciar cada diferença. Talvez por isso sejam menos duradouros no nosso espírito...

Um pouco como se, no exercício da ironia, Marcel Proust mantivesse uma delicadeza e uma candura tais, que alguns nem se apercebessem dela.
Enquanto James Joyce a escrevesse sempre em itálico, ou a sublinhasse, e precisasse ainda de acrescentar: Mas atenção, isto sou eu a ironizar!

Sem comentários: