"- Anne, que é que há de tão especial na maneira de beijar daquele rapaz?
Anne ficou sonhadora, depois sorriu.
- Devia ter experimentado..
- Sou demasiado velho para mudar. Mas tenho interesse por tudo o que diz respeito a este rapaz. Tem alguma coisa diferente?
Anne ponderou na pergunta.
- Tem.
- O quê?
- Mike dá a um beijo toda a atenção.
- Ora bolas. Isso também eu faço. Ou fiz.
Anne abanou a cabeça.
- Não. Já fui beijada por homens que o faziam bem. Mas nenhum deles dava a um beijo toda a sua atenção. Não podem. Mesmo que o tentem com toda a boa vontade, partes do seu espírito estão concentradas em outras coisas. Perderam o último autocarro... as hipóteses que têm de conquistar a rapariga... ou nas suas próprias técnicas de beijar... ou, por vezes, preocupados com o emprego, ou com o dinheiro, ou com o marido ou com o papá ou com os vizinhos que o podem apanhar. Mike não tem técnica... mas quando dá um beijo não está a fazer mais nada. É-se o seu universo completo... e o momento é eterno, porque ele não tem planos e não vai a lado nenhum. Apenas nos está a beijar. - Ela arrepiou-se. - É irresistível. "
Robert A. Heinlein, Um Estranho numa Terra Estranha
2 comentários:
Li o livro há muitos anos. Não me lembrava desta passagem
Também o li faz tempo. Foi a passagem que nunca esqueci. Essa e aquela sobre a impressão que fazia a Valentine Michael Smith pisar, descalço, a relva - viva, vibrante sob os seus pés. Tão bonito...
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