Nos Pensées, de Pascal, que trouxe há já muitos meses das estantes de casa de minha tia, curioso com os sublinhados e anotações do meu saudoso tio, descubro, e traduzo, e transcrevo as seguintes passagens que prenderam a atenção do tio António.
«É preciso de uma só vez ver a coisa de um único olhar».
«Que se não diga que eu nada disse de novo: a disposição das matérias é nova; quando se joga [com uma bola] é com uma mesma bola que jogam um e o outro, mas um colaca-a melhor».
«Quando num discurso se encontram palavras repetidas e, tentando corrigi-las, achamo-las tão justas, que se estragaria o discurso, é preciso deixá-las, são a marca [dessa justeza]».
«Não procuremos nenhuma segurança ou firmeza. A nossa razão é sempre traída pela inconstância das aparências; nada pode fixar o finito entre dois infinitos [...]»
«O tempo cura as dores e as querelas, porque se muda: não se é a mesma pessoa. Nem o que ofende nem o ofendido são já os mesmos. É como um povo que se irritou, e que se revê duas gerações depois. São ainda os franceses, mas não os mesmos».
«Ele já não ama esta pessoa que amava há dez anos. Compreendo-o: não é a mesma, nem ele próprio. Ele era jovem e ela também; é inteiramente outro. Amá-la-ia possivelmente ainda, tal como era então».
1 comentário:
José, muito estimável a recolha de pensamentos de Pascal que levou a cabo e com tal carinho (pelo facto de serem os sublinhados que resultaram das leituras do seu tio)trouxe até nós, seus leitores.
Obrigado pelo seu gesto!
abraço!
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