terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

OS LIVROS: PROCURAR OU SER ENCONTRADO

Variadas são as formas pelas quais podemos chegar a um certo livro: ouvíramos falar do autor; ou conhecíamo-lo de outros livros. Ou sabíamos qualquer coisa acerca da história que é narrada. Ou o tema soprava por nós, ou o título nos assobiou, ou a capa nos disse algo a que não fomos capazes de escapar.

Tão interessante, porém, e às vezes mais interessante do que o meio por que chegamos a um livro, são os meios pelos quais um livro pode chegar a nós: como vindo do nada, ou de um mundo de que não tínhamos notícia. Como uma chuva brusca, que não pedimos e não esperávamos.

Minha amiga Maria tem sido, na minha vida, médium de espíritos literários que me invadem sem que os invocasse. Autores estranhos, insólitos insolicitados, mas apaixonantes; histórias no limiar do paroxismo moral ou do absurdo estético (como seja o caso de A Papisa Joana, de que nunca recuperei).

Minha amiga Paulina também. Ontem, numa festa de anos que eu não fiz, ou seja, numa festa que me não pertencia, trouxe-me, porém, de presente, um livro que não consigo deixar de ler. Que talvez jamais consiga deixar de ler. Chuva ácida. [Não é o seu título, é o que ele me parece ser]. Trata-se de um livro de que falarei em breve, mas não ainda: hoje, só quero assinalar estas duas formas de nos ligarmos aos livros: há uns, que procuramos meticulosamente - e há outros, que nos encontram antes de sabermos, sequer, que existem. Arrombam-nos, sentam-se, bebem do nosso vinho, comem do nosso pão. Entranham-se. Por fim, talvez nos degolem.

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