sábado, 25 de julho de 2009

AO QUE VENHO

Inicio este blogue, apartado de todos os meus demais blogues, para poder dedicar-me nele ao exercício petulante de dar conta do que leio, me agrada e, eventualmente, recomendo.

(O juiz disse-me, um dia, que nada é tão impertinente como «oferecer-se» um livro; talvez até se referisse com o mesmo desagrado ao simples acto de «recomendar» um livro. Não sei bem porquê. Pela minha parte, tenho uma dívida impagável com todas as pessoas que, numa ou outra ocasião, me falaram de livros de um modo tão sugestivo que me fizeram apaixonar-me por eles antes ainda de os haver lido: aconteceu com o meu avô, em relação a À la Recherche du Temps Perdu; aconteceu com o meu primo António e, pouco depois, com uma conferência de Jorge Luís Borges, ambos a propósito de A Divina Comédia; ou, num registo mais simples, aconteceu com uma psicóloga que não conhecia mas, tendo ouvido numa entrevista radiofónica dizer que, para ela, ler Sangue do Meu Sangue fora um «orgasmo intelectual», me incitou a partir em busca do livro de Cunningham para poder usufruir de uma experiência tão física do espírito).

Raramente me arrependi de ouvir outros leitores. Estou-lhes grato. Sigo-lhes na peugada. Sou um sujeito influenciável. Gosto de descobrir em segunda mão. Estou muito disponível para amar a escrita. Estou predisposto para encontrar o que valha a pena.
Como apresentação, basta isto.

O livro de que vos falarei, portanto, em próximo post, é precisamente este, minha mais recente paixão. Sangue do Meu Sangue, de Michael Cunningham. Se me não esquecer, até lá, do nome nem da chave que me dão acesso à produção deste blogue.

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