A meu convite, Pedro Mexia esteve, quinta-feira, na Biblioteca da escola onde sou professor, para uma sessão em que, no suporte da sua ironia, do seu sentido de humor contagiante e do seu saber enciclopédico, nos falou de Literatura, de Poesia e de crónica.
Quando falo do saber enciclopédico de Mexia, não me limito à fórmula comum. Ele é o intelectual que oscila tranquilamente entre Tintim ou o Surfista Prateado, e Eça de Queirós ou Virginia Woolf. E já sabemos que, para nos limitarmos aos três temas eleitos, abdicámos cruelmente de outras possibilidades da conversa - o cinema, o teatro, a rádio, a psicologia, até a filosofia, ou a economia. Isto é, Pedro Mexia representa, em Portugal, o que mais se aproximaria de um homem do Renascimento.
Que os livros deste homem inteligente e culto sejam tão pouco procurados, pode até não espantar. Mas é procupante. Que as editoras optem por destruí-los - guilhotiná-los - em vez de os enviarem para bibliotecas ou escolas, é imperdoável. Mas é o que sucede: procurando pela poesia de Pedro Mexia, discreta e perfeita, fui saindo, de sucessivas livrarias, com as mãos a abanar.
Mexia não tem romance. Tem teatro, mas duvido que o achem. Tem sobretudo livros que reúnem algumas das suas crónicas mais sagazes (que o são todas elas, de resto) ou compilações dos posts dos seus blogues. Oferecem-nos momentos impagáveis de observação, teoria, sensibilidade e humor. Poesia, já só talvez pesquisando na internet - descobrindo-a pelo menos aí, ou pedindo-a emprestada às bibliotecas, que para isso servem...
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