tag:blogger.com,1999:blog-4138612776809520461.post6595134300448872219..comments2023-05-15T08:57:22.162+01:00Comments on profissão:leitor: O NARRADOR: MARCEL, WATSON, PEDROjosépachecohttp://www.blogger.com/profile/14081918170491308515noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-4138612776809520461.post-83712302906700937632011-01-27T00:33:08.680+00:002011-01-27T00:33:08.680+00:00Nunca havia lido o Saramago por essa ótica, do nar...Nunca havia lido o Saramago por essa ótica, do narrador onipotente ou inexistente. O narrador, para mim, sempre existe, seja em primeira pessoa, seja em terceira pessoa. Mas mesmo no caso da terceira pessoa, ele é falível.<br /><br />Preciso voltar a pensar melhor essas questões. Ensinaram-nos tanto a desconfiar do narrador que eu desconfio de todos, em primeira ou terceira pessoa, mesmo os supostamente ausentes. Mas nunca havia parado para pensar no Saramago nesses termos. Obrigada pela indicação, e pelo espaço para a discussão.Marianahttps://www.blogger.com/profile/04838386336822096185noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4138612776809520461.post-30664294818878142302011-01-26T18:54:32.800+00:002011-01-26T18:54:32.800+00:00Não exagerou coisa alguma, Mariana, e muito lhe ag...Não exagerou coisa alguma, Mariana, e muito lhe agradeço os apontamentos. Concordo perfeitamente, aliás, com o que diz, nomeadamente a propósito de Machado de Assis. (No caso de uimarães Rosa não tinha pensado). Em relação a Saramago: não só, em geral, me parece que ele aposta numa visão omnisciente (o seu narrador critica e discute, chama filho da puta a Deus, nomeadamente, mas nunca se põe a si mesmo em causa), como a sua própria tese acerca do narrador é estranha. Saramago defendia explicitamente que a própria figura do narrador é inexistente. O narrador é sempre o autor - um autor absolutamente sapiente. Repare que os narradores de que desconfiamos são, de algum modo, personagens: tomam parte na história e, portanto, percebemos onde e por que falham, onde e por que não podem ser objectivos. Se se recusa esse narrador «envolvido», o que resta é um olhar que se não expõe a si mesmo, invulnerável, pairando sempre um pouco acima da história. Não se percebe de onde vem, nem que falhas o ferem. Gosto sempre muito de todas os seus comentários. Não podia ser mais sincero: os curtos, os longos e digressivos, os que se desviam, os que vão ao centro. Todos!josépachecohttps://www.blogger.com/profile/14081918170491308515noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4138612776809520461.post-80645320436766269702011-01-26T01:33:03.685+00:002011-01-26T01:33:03.685+00:00Prezado José Pacheco, creio que exagerei em minha ...Prezado José Pacheco, creio que exagerei em minha digressão: o que queria saber mesmo é apenas o porquê de sua fala sobre o narrador de Saramago. Obrigada.Marianahttps://www.blogger.com/profile/04838386336822096185noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4138612776809520461.post-32469849573113388672011-01-25T23:42:19.632+00:002011-01-25T23:42:19.632+00:00Bem, não vou questionar a afirmação "Proust é...Bem, não vou questionar a afirmação "Proust é inultrapassável" no que concerne à ausência de onisciência do narrador. Ela pressupõe um juízo de gosto, junto ao juízo de valor. Mas me permito fazer algumas considerações sobre a figura do narrador, que estudei no mestrado. <br /><br />À parte as leituras teóricas sobre ponto de vista e foco narrativo, estudei a questão em Guimarães Rosa. E na literatura brasileira temos três casos exímios de criadores que puseram o narrador sob suspeita: Machado de Assis (para quem o crítico Roberto Schwarz criou a expressão "narrador volúvel", no caso de "Memórias póstumas de Brás Cubas", um caso de genialidade, esse romance), Guimarães Rosa, cujo romance "Grande sertão: veredas" (outra obra genial) é o tempo todo o narrador se interrogando, e interrogando o leitor (de forma que a ambiguidade sobre o diabo não se resolve), o que se passa também nos contos, e a Clarice Lispector, que levou isso a extremos.<br /><br />A literatura contemporânea brasileira herdou essas conquistas. De forma que aprendemos todos a desconfiar do narrador depois que lemos, mal ou bem, o Roberto Schwarz, e fizemos uma ou duas disciplinas de mestrado. <br /><br />Mas eu de fato fiquei intrigada foi com outra coisa: a afirmação sobre o Saramago. Li pouco dele, mas nunca havia parado para pensar sobre o narrador de "Memorial do convento", por exemplo.<br /><br />Perdoe-me a intromissão, mas é que esse é um assunto que estudei um tanto para escrever minha dissertação de mestrado.<br /><br />P.S. Sobre a relação das livrarias com o seu livro, não destoa do perfil mercadológico que elas vêm adotando. Conheço vários casos de livros parados em livrarias ou tais.Marianahttps://www.blogger.com/profile/04838386336822096185noreply@blogger.com